Escrevi um artigo que gostei muito. Optei por seguir o que eu falo dentro de consultas: moderação! Sempre vale uma medicina correta , bem feita.
Certa vez me perguntaram de que forma os tratamentos da homeopatia e da medicina tradicional (chamada de alopática) podem se unir e se conversar. Mas, para começarmos a falar nisso, é preciso contextualizar um pouco sobre nossa vitalidade e ciclo de vida. Vamos lá?
Vamos imaginar um bebê que acabou de nascer, saudável, com cerca de 3,5 kg, chorando bem… Perfeito, para alegria de todos. E ao nascer ele traz consigo carga completa, 100% de força e de energia. Depois ele fica em casa, toma leite materno – fundamental para manutenção de seu estado de saúde – vai para escolinha, contrai doenças, contagiosas ou não, passa por estresse (bebê também tem). Cresce, casa, tem filhos e problemas , adoece, envelhece…
Conforme a vida passa, vamos perdendo a vitalidade, e a carga que era 100% vai diminuindo. Envelhecemos desde o dia em que nascemos, mais rápido ou mais devagar dependendo de como vivemos e de como adoecemos, quais doenças adquirimos.
Mas não é só isso, tem outro fator superimportante, que é nossa hereditariedade: quem são nossos parentes, como adoecem, quais doenças nossos genes carregam. E aí, que ironia do destino! Em vez de recebermos de herança carros, imóveis ou joias, ganhamos rinite, bronquite, varizes, hipertensão…
As famílias adoecem e morrem das mesmas doenças. Estudos acadêmicos dizem que os males antecipam dez anos a cada geração, daí entendemos que as doenças que nossos avós tinha aos 70 anos , nossos pais aos 60 anos , nós aos 50 anos , e temos observado crianças com doenças “de velhos”: hipertensão, aumento de colesterol, diabetes.
Então ao nascer, não temos 100% de carga, nossa vitalidade é composta também pela hereditariedade que carregamos. Nascemos predestinados… Decidimos somente a velocidade.
Agora voltamos ao tratamento homeopático. Quem são as pessoas que buscam esse tipo de tratamento?
- Aqueles que querem tentar um tratamento ?menos agressivo?
- Indivíduos com modo de vida mais alternativo e que não querem fazer uso de alopatia
- Pessoas para quem o tratamento é a última esperança.
Temos que lembrar sempre que antes de sermos homeopatas, somos médicos. A homeopatia é especialidade médica desde 1980, reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e deve ser praticada por médicos habilitados.
O código de ética médica determina que devemos conversar com o paciente a respeito da melhor forma de tratamento, devemos oferecer ao paciente o que temos de melhor para cada caso. Ele pode ou não concordar e já tive experiências com pessoas que não quiseram ser tratados com homeopatia. Costumo explicar as vantagens de uma forma ou da outra de tratar, mas o paciente tem de ser informado e respeitado em suas escolhas.
Toda medicina bem feita tem valor e temos de lançar mão de todos os recursos disponíveis para preservar os que chegam até nós. Devemos sempre lembrar da importância das cirurgias, dos partos que complicam e necessitam cesarianas, das vacinas que cessaram as epidemias que dizimaram metade da Europa (como a gripe Espanhola em 1918).
A homeopatia traz uma luz para casos crônicos, diminui as recidivas e trata de forma muito mais suave, sem efeitos colaterais. Podemos tratar os pacientes somente com homeopatia ou com homeopatia e alopatia. Vamos imaginar uma crise de bronquite em três situações:
1- Nosso paciente é um jovem de 20 anos , saudável, sem doença pregressa, que foi exposto a uma situação que determinou o adoecimento, por exemplo, nadou em uma cachoeira fria.
2- Um bebê que nasceu prematuro com 2 000 gramas, com 45 dias de vida faz um quadro pulmonar, após receber a visita de um parente portador de gripe.
3- Uma senhora de 75 anos, bem cuidada, que faz um quadro pulmonar após ficar 10 dias cuidando de parente acamado.
Três doenças pulmonares, três indivíduos de vitalidade diferente e que adoecem com diferentes causalidades. Tratamos da mesma forma? Quando damos a esses pacientes um olhar homeopático, não! Indivíduos diferentes são medicados conforme suas características, levando em conta a individualidade.
Ao estabelecer um tratamento para esses três doentes, devemos considerar a vitalidade de cada um. Essa é a característica mais importante do tratamento homeopático: tratar o indivíduo que adoeceu e não somente a doença. Em homeopatia não reconhecemos doenças, mas sim doentes: um indivíduo que sofreu um agravo, e adoeceu, saiu de seu equilíbrio.
Tratamos então o indivíduo, e assim, com aquele remedinho chamado de “Medicamento de Fundo”, aquele que mantém o equilíbrio da pessoa, que a diferencia das outras, tentamos fazer com que esses adoecimentos sejam cada vez mais raros, e é possível observar esse fato com muita clareza principalmente em crianças que usam homeopatia desde a mais tenra idade.
Mas então é fácil, é só encontrar esse medicamento, certo? Que nada! Esse processo pode ser difícil e complexo. Não deixamos pacientes dentro de bolhas. Interagimos, e a vida, principalmente nas cidades grandes, nem sempre é gentil. Vivemos estressados e, por conta disso, podemos recair num ciclo vicioso que se repete infinitamente, e cada um sofre de forma diferente do outro.
Toda medicina bem feita, tem valor e temos de lançar mão de todos os recursos disponíveis para preservar os que chegam até nós. Médicos de diferente formação pensam de forma diferente. Deixo com vocês, meu parecer.
Matéria publicada em 12/2013: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/17151-homeopatia-e-medicina-tradicional-quando-elas-se-misturam